Os olhos de Terry se abriram, suas pupilas estavam enormes na escuridão.
– Mãe? – disse, com a voz dopada e pesada.
Estava escuro no quarto, tão escuro que Ig duvidava de que o irmão fosse capaz de identificar algo além de sua forma meio vaga parada ali. Ig botou a mão atrás das costas, apertando o cabo da faca. Ig abriu a boca para falar alguma coisa. Pretendia mandar Terry voltar a dormir, o que era a coisa mais absurda a se dizer. Mas, quando falou, sentiu o sangue pulsando em ondas nos chifres e a voz que saiu de sua boca não era sua, mas de sua mãe. Não era uma imitação voluntária. Era ela.
– Volte a dormir, Terry – disse.
Ig ficou tão impressionado que deu um passo para trás e esbarrou na mesa de cabeceira. Um copo d’água bateu de leve na luminária. Terry fechou os olhos de novo, mas começou a tremer de leve, como se fosse se levantar no instante seguinte.
– Mãe, que horas são?
Ig baixou os olhos para o irmão. Não se perguntava como tinha feito aquilo, evocado a voz de Lydia, só queria saber se poderia fazer de novo. Já sabia como tinha conseguido. O Diabo podia, é claro, falar com a voz dos entes queridos e dizer às pessoas aquilo que elas queriam ouvir. O dom das línguas… o truque favorito do Diabo.
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