Cereja





– Com licença – disse Ig.

– Sim? – perguntou a senhora que estava mais perto dele, uma mulher grande, com o cabelo pintado num tom castanho metalizado.

Ig apontou o dedo para o banco e balançou a cabeça.

– Havia uma menina aqui, no domingo passado. Ela deixou uma coisa sem querer e eu gostaria de devolver para ela. Uma de cabelos ruivos…

A mulher não respondeu, mas continuou parada no mesmo lugar, apesar de o corredor estar vazio o bastante para que ela saísse. Finalmente Ig percebeu que a senhora estava esperando que ele fizesse contato visual. Quando o fez, ela o encarava com os olhos apertados, uma expressão de que sabia, e ele sentiu seu pulso disparar.

– Merrin Williams – disse a mulher. – Seus pais só estavam na cidade no fim de semana passado para tomar posse de sua nova casa. Eu é que fiz a venda e os trouxe à igreja. Eles agora estão em Rhode Island, empacotando as coisas. Ela estará aqui no domingo que vem. Tenho certeza de que em breve voltarei a vê-los. Se você quiser, posso entregar a Merrin o que ela deixou aqui.

– Não – disse Ig. – Tudo bem.

– Ahã – disse a mulher. – Achei mesmo que você iria preferir entregar pessoalmente.Você está com aquela cara.

– Que… que cara? – perguntou Ig.

– Eu até poderia dizer, mas estamos na igreja.

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